24 de abr. de 2012

Fazer Amigos, Retrospectiva e Mais um Pouco Sobre Tudo

Fazer amigos. Eis a parte mais difícil de toda essa brincadeira.

Quando a gente é criança, amizade é uma coisa fácil. É só não jogar areia nos olhos de alguém e vocês automaticamente tornam-se aptos a brincar de roda juntos, a partir daí é só se comportar, não ser agressivo, oferecer suas bolachar (fodam-se os biscoitos) e pronto, você tem um amigo.

Aí a gente cresce e surgem todos os problemas estranhos da puberdade. As meninas descobrem que gostam de meninos e por sua vez não gostam de outras meninas porque elas gostam de menino também. A partir daí é uma confusão sem tamanho e fazer amizade é uma coisa bem mais complicada, entra em questão a afinidade, gostos em comum, confiança, compatibilidade de gênios...

Da 8ª série ao 3º colegial fiquei no mesmo colégio, o que fez com que eu mantivesse o mesmo grupo de amigos, éramos de certa forma unidos e todo aquele blá blá blá, quem já assistiu o filme 'Conta Comigo' sabe que em alguns momentos ele fala sobre 'os tempos que você nunca vai esquecer mas que nunca vão voltar' (ou algo desse gênero), era mais ou menos isso. Foi uma época boa e passou.

Aí em 2010 eu passei no vestibular na primeira vez, o choque foi grande mas consegui me virar, lembro de ir assistir filmes na república de um pessoal, de ter companhia para as festas que eu fui, gente para almoçar em casa e beber lá no fim de semana... Quem vê pensa que eu fiquei lá um ano, né? Ah não, isso tudo só em 3 meses, no máximo 4... Enfim.
Fazer amizades lá foi fácil, como o campus era pequeno, as pessoas de outros cursos misturavam-se com facilidade, todo mundo ia nas festas, a semana de recepção nos deu novos nomes (oi Kitty) e as atividades com outros calouros facilitaram a integração... Aí eu voltei.

Quando voltei, fui fazer cursinho no Compacto, lugar que odiei do primeiro ao último dia, tanto que não fui mais a aula depois da semana do saco cheio. Não quis fazer amigos lá e não me arrependo, foi um ano suficientemente complicado e não queria compartilhá-lo com ninguém, era um período de reclusão (entrecortado por momentos ótimos com o Chu e o Chala, assumo) e desamadurecimento, regredi muito comigo mesma em 2010 e foi bom, porque sem isso eu não sentiria todo fortalecimento que passei em 2011 e continuo passando em 2012.

2011 foi lindo. Minha reclusão foi voluntária, minha dedicação era dividida em 50% cursinho, 50% em namorado (que já estava aqui em São Paulo), o tempo que eu não estava conversando com o Eduardo (aquela fase de paixão de querer estar 24 horas juntos que todo mundo passa, bom, nós passamos a 450km de distância e eu não estava disposta a trocar 1 hora no msn com ele por 1 hora em um boteco ou na calçada de um bar) estava internada no cursinho (oi cursinho integral xD), ou na minha escrivaninha estudando (a louca aqui fazia 9 capítulos de química em um dia pra adiantar a matéria). Também me dediquei mais aos meus pais, com quem minha relação tinha se deteriorado depois de incidentes desagradáveis em 2010 e eu senti a necessidade de me reconciliar.
Felizmente, mesmo com tudo isso, pude me aproximar mais da Lídia, que além de ser a pessoa que mais comenta aqui, é também a pessoa que tenho mais próxima de mim no momento e fico muito feliz por isso, conversei muito com o Pedro também (que sofreu demais meu bullyng corretivo, coitado), os dois fizeram valer meu ano no Sagrado e tenho muito a agradecê-los por isso.

Aí chegou 2012. Todo esforço de 2011 valeu a pena. Ver meu nome na lista da usp, é uma sensação que eu não consigo descrever. Eu lembro de tremer. E de chorar. E de passar o dia todo pensando 'eu passei na USP'. Sim, o Eduardo influenciou minha escolha, não sei se estaria 100% certa de vir para São Paulo se ele não estivesse aqui, se não fosse por fim acabar com aquela distância que era tão ruim. Mas minha escolha teve também todos os outros fatores: a melhor universidade da América Latina, um curso tesão (porque no meio da minha confusão eu abandonei letras pela primeira vez, mas dizer que não tenho amor por isso é tanta loucura quanto foi ter cogitado fazer qualquer outro curso), uma cidade que me oferece todas as oportunidades do mundo, todas as pessoas, tudo... tudo acontece aqui e cada vez mais eu aprendo isso.

Me mudei, ansiosa, esperançosa, medrosa, receosa, carente, idiota, caipira (Deus, eu achava que não era, mas olha, deve ter gente aqui que acha que tem porteira na minha casa), criança demaaais...

Agora entra a parte complicada. Tenho 2 ou 3 meses de São Paulo, 2 ou 3 meses de USP (perdi a noção do tempo, juro) e meu melhor (e ás vezes parece que único) amigo aqui é o Eduardo. Percebi que eu desaprendi como se faz amizade. Sou uma pessoa tímida (em excesso) e meu traquejo social beira o nível 'se esconder em um buraco até o lugar ficar vazio', não sei até que ponto minha conversa incomodaria alguém novo ou que assuntos falar com uma pessoa desconhecida, também não sei quantas vezes ou por quanto tempo você pode falar com alguém, se eu não pareceria um cachorrinho indo atrás da pessoa... Cara, é muito difícil me aproximar das pessoas, eu realmente não sei como isso funciona.
Por sorte, a eamn me deixou de presente gente em quem confiar, pessoas com quem me refugiar, ir para o Copão há alguns dias me fez bem, ter meninas se arrumando aqui para festa de máscaras fez eu me sentir, bem, uma menina de novo... Depois teve o trabalho da Mariângela que me obriga a conversar com pessoas, o que me rendeu até uma ida a Livraria Cultura nesse domingo... E, por fim, o que tem se mostrado mais eficiente para conversar com as pessoas até o momento: Falar mal do Finbow. Todos se unem no seu ódio ao Finbow e, de repente, eu não me sinto mais sozinha quando estou na faculdade.

Eu estou só engatinhando nisso, mas juro que quero tentar. Percebo cada dia mais que ninguém é uma ilha, que a parte mais legal de passar por algo engraçado é poder contar para alguém, que a parte mais fácil de superar seus medos é compartilhá-los. Quando me privo de amigos estou me poupando de uma das maiores fontes de dor de cabeça do ser humano, mas também de uma das maiores fontes de prazer e não é isso que eu quero, parte do meu crescimento é me tornar mais sociável, menos fechada, mais aberta ao mundo exterior. Estou tentando, juro, mas as vezes ainda me pego perguntando: será que eu consigo? :)


Fizeram eu me sentir menina de novo :), obrigada.

19 de abr. de 2012

Tudo e Mais um Pouco

Primeiro: abandono, eu sei. Eu continuei escrevendo, mas daquela forma meio adolescente, de por na agenda e guardar pra mim, não por falta de vontade de compartilhar, mas mais por medo de falar tudo, falar sobre meus medos, minhas conquistas e todas essas coisas para seja lá quem estiver me lendo faz com que me sinta nua, exposta...

Segundo: pra que continuar, então? Eu me propus a fazer isso, lendo os comentários do post anterior eu vi que não sou a única a sentir esses medos, compartilhá-los pode me ajudar a enxergar que isso é perfeitamente normal, que isso só faz parte da aventura.

Terceiro: vamos lá?

São Paulo não é tão difícil quanto eu imaginei a princípio que seria, enquanto eu estou no meu 'miolo', na minha 'zona de segurança', me parece tão fácil de desvendar quanto Marília.

Assumo que minha 'primeira grande conquista' aqui foi ir sozinha ao supermercado sabendo onde ele era só de olhar pelo google maps, rs, era longe pra caramba e eu fiquei achando que tinha me perdido (isso porque era só pegar a consolação e andar em linha reta eternamente), aí eu vi pessoas andando com sacolas e me senti mais segura, quando vi já estava lá :) até comprei parmesão para comemorar.

E é tosco contar como achar um supermercado foi emocionante, eu sei, mas eu nunca tinha feito isso. Quando não eram meus pais que me pegavam pelas mãos e me levavam até onde eu precisava ir, era meu namorado, eram amigos, eram amigos dos meus pais, nunca eu. Por culpa minha, lógico, eu sempre procurei manter certa dependência dos outros, isso me isentaria de qualquer culpa caso algo desse errado e tornava minha vida muito mais confortável. Quando resolvi vir para São Paulo, as coisas mudaram. Apesar do Eduardo morar aqui, procuramos nos ver só aos fins de semana, então de quando ele vai embora até sexta a noite sou eu dando conta de mim mesma, sou eu tentando ser independente, sou eu fazendo essas coisas idiotas que eu considero grandes.

A liberdade é uma coisa complicada de lidar, confesso que ela é tão absurdamente grande que eu ainda não sei direito o que fazer com ela. Durante todos os anos de 'adolescência rebelde' nós reclamamos que não podemos fazer nada, que nada é permitido, que oh meu deus, que vida de merda, eu não posso ir a lugar nenhum. Bom, agora eu posso, mas eu ainda não sei direito o que fazer com isso. Eu tenho tantas possibilidades, tantas opções que eu fico girando em círculos com as mãos na cabeça, juro que estou tentando assimilar que não é assim que se faz as coisas, mas tem sido bem difícil.

Mas junto com tudo isso vieram as responsabilidades, que eu surpreendentemente assimilei melhor do que as outras coisas. A responsabilidade de pagar as contas, de dosar meu dinheiro, de ir ao mercado, de estudar, de manter a casa limpa (tá, nessa eu sou uma negação, assumo), etc, etc, etc. Eu achava que elas seriam a parte que eu mais estranharia de todo o processo, mas na verdade não. Tem sido a parte mais fácil de lidar, talvez por serem de certa forma 'ordens', consigo seguí-las com mais clareza do que as coisas que eu simplesmente posso fazer porque quero fazer.

Acho que todas essas coisas juntas são o que a gente chama de crescer. Se eu tivesse ficado em Marília, provavelmente estaria estagnada no que fui nos últimos anos e, honestamente, não vejo onde a Ariadne de 2010 que namorou um idiota ou que ficava parada que nem tonta na frente do Berlin era melhor do que a de agora. O cursinho, os vestibulares, os surtos, o namoro a distância, o ritmo de estudos, o medo e agora essa mudança, trabalharam juntos para que eu me tornasse uma pessoa um pouquinho melhor, que soubesse um pouco mais de coisas do que quem eu era antes, um pouco mais sensata talvez, mais crítica. Não adulta, falta muito para eu atingir isso (e nem quero ser adulta por agora, tem muita burrice jovem que eu ainda quero fazer :D), mas maior sim... Que nem a música do TM, sabe? 'Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior...'

Agora fotos do que aconteceu em São Paulo durante todo esse período que eu não postei, porque nem só de estudos tem sido feita minha vida universitária :)


Primeira janta na minha casa :)


20 anos no primeiro dia de aula, sem bolo, só bolinhos :)

Exercendo todo meu direito de ser gordinha e branquela na praia


E é, nós estudamos na praia também ;P


Meu primeiro copão =D


Show do Titãs - Cabeça Dinossauro, vencendo medos da infância Like a Boss


x-colesterol, o melhor jantar de todos os tempos (e o menos saudável também)


Namorado fazendo comida (e muita bagunça) pra mim :)


Show do Roger Waters no Morumbi :D


Festa de Máscaras, primeiro grande porre da minha vida, Tequila nunca mais


E é isso, prometo melhorar minha frequência de posts (ou pelo menos tentar manter uma frequência de posts), mas por favor, se tem alguém aí, sinal de vida pra me fazer feliz, tá bom?